Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.idp.edu.br//handle/123456789/5432
Título: A cegueira deliberada no ordenamento jurídico brasileiro
Autor(es): Lemes, Ricardo Andrade
Orientador(es): Gontijo, Conrado Almeida Corrêa
Palavras-chave: Ordenamento jurídico - Brasil;Princípios gerais do direito;Constitucionalidade;Direito penal
Citação: LEMES, Ricardo Andrade. A cegueira deliberada no ordenamento jurídico brasileiro. 2025. 90 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Direito, Justiça e Desenvolvimento) - Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa, São Paulo, 2025.
Resumo: A teoria da cegueira deliberada tem sido amplamente debatida no âmbito jurídico, especialmente no Direito Penal. Trata-se de uma construção doutrinária e jurisprudencial que busca responsabilizar indivíduos que, embora não tenham conhecimento direto de um fato ilícito, deliberadamente evitam adquiri-lo para se eximirem de eventuais consequências jurídicas. A lógica por trás dessa teoria é a de que a voluntária recusa em saber sobre determinado fato criminoso não deve servir como escudo para evitar a punição. No Brasil, a teoria começou a ganhar espaço nos tribunais, sendo aplicada em casos de crimes financeiros, lavagem de dinheiro, corrupção e tráfico de drogas. A principal justificativa para sua adoção é que permitir a impunidade de quem escolhe não saber incentivaria condutas fraudulentas e prejudicaria o combate ao crime organizado. A constitucionalidade da teoria da cegueira deliberada pode ser analisada à luz de diversos princípios fundamentais, tais como o princípio da legalidade, o princípio da culpabilidade e o princípio da proporcionalidade. A aplicação da teoria deve ser feita de maneira proporcional, garantindo que somente aqueles que efetivamente optaram por permanecer ignorantes sejam responsabilizados. A proporcionalidade exige que a punição seja condizente com a gravidade da conduta, evitando interpretações que ampliem excessivamente a responsabilidade penal sem a devida comprovação da intenção do agente. No Brasil, a jurisprudência tem demonstrado uma aceitação progressiva da teoria da cegueira deliberada, especialmente em crimes financeiros e de colarinho branco. Tribunais já utilizaram a teoria para condenar indivíduos que alegaram desconhecimento de operações ilícitas, mas cuja atuação indicava uma postura de deliberada omissão. No entanto, desafios permanecem quanto à delimitação precisa dos critérios para sua aplicação. A linha entre a culpa consciente e o dolo eventual, por exemplo, ainda é um ponto de debate, pois a aplicação equivocada da teoria pode gerar insegurança jurídica.
Abstract:The theory of willful blindness has been widely debated in the legal field, especially in criminal law. It is a doctrinal and jurisprudential construction that seeks to hold individuals accountable who, although they do not have direct knowledge of an unlawful act, deliberately avoid acquiring it in order to exempt themselves from possible legal consequences. The logic behind this theory is that the voluntary refusal to know about a certain criminal act should not serve as a shield to avoid punishment. In brazil, the theory has begun to gain ground in the courts, being applied in cases of financial crimes, money laundering, corruption and drug trafficking. The main justification for its adoption is that allowing impunity for those who choose not to know would encourage fraudulent behavior and harm the fight against organized crime. The constitutionality of the theory of willful blindness can be analyzed in light of several fundamental principles, such as the principle of legality, the principle of culpability and the principle of proportionality. The theory must be applied in a proportionate manner, ensuring that only those who have effectively chosen to remain ignorant are held accountable. Proportionality requires that punishment be commensurate with the severity of the conduct, avoiding interpretations that excessively expand criminal liability without due proof of the agent's intent. In brazil, case law has demonstrated a progressive acceptance of the theory of willful blindness, especially in financial and white-collar crimes. Higher courts have already used the theory to convict individuals who claimed ignorance of illicit transactions, but whose actions indicated a posture of deliberate omission. However, challenges remain regarding the precise definition of the criteria for its application. The line between conscious guilt and eventual intent, for example, is still a point of debate, since the mistaken application of the theory can generate legal uncertainty.
URI: https://repositorio.idp.edu.br//handle/123456789/5432
Aparece nas coleções:Mestrado Profissional em Direito, Justiça e Desenvolvimento - São Paulo

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
DISSERTAÇÃO_RICARDO ANDRADE LEMES_ MES. PROF. DIR. JUS. DES._ 2025.pdf555.99 kBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.