Governança de TI em estatais: das prescrições formais aos arranjos praticados

Abstract

Este trabalho tem como objetivo fazer estudo exploratório dos fatores que influenciam a governança de TI, tomando como referência a opinião dos gestores de TI de uma grande empresa estatal, que utilizam os questionários com os indicadores de governança de TI do TCU e identificar como eles percebem a importância dessa ferramenta para a melhoria da governança de TI. Tais indicadores possuem viés fortemente prescritivo formal da “boa governança” que encontra na academia debates sobre sua efetividade, principalmente no que diz respeito a empresas estatais, com a perspectiva de que a governança pública pode ser mensurada, pautada em modelos de boas práticas, com padrão pré-definido de uma administração universalizada e de mercado. Outro viés é o de empresas estatais influenciadas por um modelo analítico, dependente da interação da organização com o ambiente e contexto onde está inserida, sofrendo influências da história da organização, da política e como estes diversos fatores interagem. Por intermédio de um estudo de caso foram submetidos questionários para os gestores de TI, de uma grande empresa estatal brasileira e uma das maiores do mundo, em sua área de atuação, e através de análise de Conteúdo Categorial buscou-se identificar, na percepção de executivos e gestores a importância dos indicadores adotados pelo TCU para avaliar a governança e contribuir para a gestão interna da organização, pela qual eles respondem. Este trabalho apoiou-se em análises qualitativa e quantitativa dos questionários e apresenta descobertas importantes, do ponto de vista destes gestores, de fatores que não são capturados pelo questionário como fatores políticos, culturais e de comportamento organizacional, na governança de TI de empresas públicas e que os indicadores prescricionais, usados pelo TCU, não são capazes de avaliar a governança da área onde atuam. Traz como achados a influência dos arranjos e do envelhecimento dos processos como fatores que influenciam a governança de TI. Estes resultados, contribuem para o debate, no que tange a governança e abre espaços para novas pesquisas na área de TI, que carece de outros estudos comparativos.

This work aims to carry out an exploratory study of the factors that influence IT governance, taking as reference the opinion of IT managers of a large state-owned company, who use the questionnaires with TCU's IT governance indicators and to identify how they perceive the importance of this tool for improving IT governance. Such indicators have a strong formal prescriptive bias of “good governance” that finds debates about its effectiveness in academia, especially with regard to state-owned companies, with the perspective that public governance can be measured, based on models of good practices, with pre-defined standard of a universalized and market administration. Another bias is that of state-owned companies influenced by an analytical model, dependent on the organization's interaction with the environment and context in which it operates, suffering influences from the organization's history, politics and how these various factors interact. Through a case study, questionnaires were submitted to IT managers, from a large Brazilian state-owned company and one of the largest in the world, in its area of activity, and through Categorical Content analysis, an attempt was made to identify, in the perception of executives and managers the importance of the indicators adopted by TCU to assess governance and contribute to the internal management of the organization, for which they are responsible. This work was based on qualitative and quantitative analyzes of the questionnaires and presents important discoveries, from the point of view of these managers, of factors that are not captured by the questionnaire, such as political, cultural and organizational behavior factors, in the IT governance of public companies and that the prescriptive indicators used by the TCU are not able to assess the governance of the area where they operate. Brings as findings the influence of arrangements and aging of processes as factors that influence IT governance. These results contribute to the debate regarding governance and open spaces for new research in the IT area, which lacks other comparative studies.